quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ARTIGO: A IMPORTÂNCIA DA ESPIRITUALIDADE PARA A SAÚDE

A importância da espiritualidade para a saúde
(Por *Leonardo Boff, JB on-line, 18/11/2013)

 

Via de regra todos os operadores de saúde foram moldados pelo paradigma científico da modernidade, que operou uma separação drástica entre corpo e mente e entre ser humano e natureza. Criou as muitas especialidades que tantos benefícios trouxeram para o diagnóstico das enfermidades e também para as formas de cura.

Reconhecido este mérito, não se pode esquecer que se perdeu a visão de totalidade: o ser humano inserido no todo maior da sociedade, da natureza e das energias cósmicas e a doença como uma fratura nesta totalidade e a cura como uma reintegração nela.

Há uma instância em nós que responde pelo cultivo desta totalidade, que zela pelo Eixo estruturador de nossa vida: é a dimensão do espírito. De espírito vem espiritualidade. Espiritualidade é o cultivo daquilo que é próprio do espírito, que é sua capacidade de projetar visões unificadoras, de relacionar tudo com tudo, de ligar e religar todas as coisas entre si e com a Fonte Originária de todo ser.

Se espírito é relação e vida, seu oposto não é matéria e corpo mas a morte como ausência de relação. Nesta acepção, espiritualidade é toda atitude e atividade que favorece a expansão da vida, a relação consciente, a comunhão aberta, a subjetividade profunda e a transcendência como modo de ser, sempre disposto a novas experiências e a novos conhecimentos.

Neurobiólogos e estudiosos do cérebro identificaram a base biológica da espiritualidade. Ela se situa no lobo frontal do cérebro. Verificaram empiricamente que sempre que se captam os contextos mais globais ou ocorre uma experiência significativa de totalidade ou também quando que se abordam de forma existencial (não como objeto de estudo) realidades últimas, carregadas de sentido e que produzem atitudes de veneração, de devoção e de respeito, se verifica uma aceleração das vibrações em hertz dos neurônios aí localizados.

Chamaram a este fenômeno de “ponto Deus” no cérebro ou da emergência da “mente mística” (Zohar, QS: Inteligência espiritual, 2004). Trata-se de uma espécie de órgão interior pelo qual se capta a presença do Inefável dentro da realidade.

Este fato constitui uma vantagem evolutiva do ser humano que, enquanto homem-espírito, percebe a Realidade Fontal sustentando todas as coisas. Dá-se conta de que pode, surpreendentemente, entabular um diálogo e buscar uma comunhão íntima com ela. Tal possibilidade o dignifica, pois o espiritualiza e o leva a graus mais altos de percepção do Elo que liga e religa todas as coisas. Sente-se inserido no Todo.

Este “ponto Deus” se revela por valores intangíveis como mais compaixão, mais solidariedade, mais sentido de respeito e de dignidade. Despertar este “ponto Deus”, tirar as cinzas que uma cultura demasiadamente racionalista e materialista o cobriu, é permitir que a espiritualidade aflore na vida das pessoas.

No termo, espiritualidade não é pensar Deus mas sentir Deus mediante este órgão interior e fazer a experiência de sua presença e atuação a partir do coração. Ele é percebido como entusiasmo (em grego significa ter um deus dentro) que nos toma e nos faz saudáveis e nos dá a vontade de viver e de criar continuamente sentidos de existir.

Que importância emprestamos a esta dimensão espiritual no cuidado da saúde e da doença? 

A espiritualidade possui uma força curativa própria.

Não se trata de forma nenhuma de algo mágico e esotérico. Trata-se de potenciar aquelas energias que são próprias da dimensão espiritual tão válidas como a inteligência, a libido, o poder, o afeto entre outras dimensões do humano. Estas energias são altamente positivas como amar a vida, abrir-se ao demais, estabelecer laços de fraternidade e de solidariedade, ser capaz de perdão, de misericórdia e de indignação face às injustiças deste mundo [...].

Além de reconhecer todo o valor das terapias conhecidas existe ainda um supplément d’ame como diriam os franceses. Ela quer sinalizar um complemento daquilo que já existe mas que o reforça e enriquece com fatores oriundos de outra fonte de cura. O modelo estabelecido de medicina não detém, por certo, o monopólio do diagnóstico e da cura. É aqui que encontra o seu lugar a espiritualidade.

A espiritualidade reforça na pessoa, em primeiro lugar, a confiança nas energias regenerativas da vida, na competência do médico/a e no cuidado diligente ou do enfermeiro/a. Sabemos pela psicologia do profundo e da transpessoal, do valor terapêutico da confiança na condução normal da vida. Confiar significa fundamentalmente afirmar: a vida tem sentido, ela vale a pena, ela detém uma energia interna que a autoalimenta, ela é preciosa. Essa confiança pertence a uma visão espiritual do mundo.

Pertence à espiritualidade a convicção de que a realidade que captamos é maior do que as análises nos dizem. Podemos ter acesso a ela pelos sentidos interiores, pela intuição e pelos secretos caminhos da razão cordial. Percebe-se que há uma ordem subjacente à ordem sensível, como o sustentava sempre o grande físico quântico, Prêmio Nobel David Bohm, aluno predileto de Einstein.

Esta ordem subjacente responde pelas ordens visíveis, e ela sempre pode nos trazer surpresas. Não raro, os próprios médicos/as se surpreendem com a rapidez com que alguém se recupera, ou mesmo como situações, normalmente dadas como irreversíveis, regridem e acabam levando à cura. No fundo é crer que o invisível e o imponderável são parte do visível e do previsível.

Pertence também ao mundo espiritual a esperança imorredoura de que a vida não termina na morte, mas se transfigura através dela. Nossos sonhos de voltar à vida normal deslancham energias positivas que contribuem para a regeneração da vida enferma.

Força maior, entretanto, é a de sentir-se na palma da mão de Deus. Entregar-se, confiadamente, à sua vontade, desejar ardentemente a cura mas também acolher serenamente sua vontade de chamar-nos para si: eis a presença da energia espiritual. Não morremos, Deus vem nos buscar e nos levar para onde pertencemos desde sempre, para a sua Casa e para o seu convívio. Tais convicções espirituais funcionam como fontes de água viva, geradoras de cura e de potência de vida. É o fruto da espiritualidade.

* Leonardo Boff, teólogo e filósofo, é também escritor. Junto com Jean-Yves Leloup e outros, escreveu ‘Espírito e saúde’ (Vozes, 2007).

sábado, 9 de novembro de 2013

REFLEXÃO: CORPO, ALMA E ESPÍRITO, POR FRANKL

“O corpo não pode ser construído,
mas o mal-estar físico pode ser mitigado.
A alma não pode ser consertada,
mas o distúrbio psíquico pode ser curado.
O espírito não pode ser produzido,
mas a dimensão espiritual pode ser despertada.”



(Viktor Emil Frankl)

ARTIGO: ESPIRITUALIDADE E BIBLIOTERAPIA NO CUIDADO AO PACIENTE COM HIV/ AIDS

Espiritualidade e biblioterapia no cuidado ao paciente com HIV/AIDS: uma perspectiva fenomenológica
(Patrícia da Silva Trasmontano, Eliane Ramos Pereira, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva)


CONSIDERAÇÕES...

No campo da saúde a espiritualidade tem sido enfocada como viabilizadora da humanização dos cuidados aos pacientes, promotora do acolhimento integral ao indivíduo e sua família, facilitadora da relação entre o cuidador e o ser cuidado, assim como o sucesso da assistência prestada.

RESUMO

Problema: O desgaste dos cuidadores que tentam cumprir com tantas horas de trabalho; atender uma demanda expressiva de necessidades; suportar cotidianamente a dor, a perda e o sofrimento de seus clientes; prestar atendimento em ambientes muitas vezes insalubres e carentes de recursos diversos; e/ou não terem recebido qualificação e formação humanista, psicológica e espiritual devidas para lidar, de forma sensível e criativa, com os complexos existenciais humanos. Objetivos: Compreender as percepções dos pacientes que vivenciam o HIV/AIDS no que se refere à sua espiritualidade; analisar, numa perspectiva fenomenológica, a dimensão espiritual experimentada no cuidado mediante a aplicação da leitura narrada como terapia; e, identificar as repercussões da prática da arte de ler associada à arte de cuidar, na humanização aos pacientes que vivenciam o HIV/AIDS. Método: Estudo descritivo, com abordagem qualitativa, de método fenomenológico, a ser realizado mediante levantamento em campo.

Descritores: Espiritualidade; Biblioterapia; Cuidados Integrais de Saúde; AIDS; Assistência Integral à Saúde.


Fonte: TRASMONTANO, Patrícia da Silva; PEREIRA, Eliane Ramos; SILVA Rose Mary Costa Rosa Andrade. Espiritualidade e biblioterapia no  cuidado ao paciente com HIV/AIDS: uma perspectiva fenomenológica. Online Brazilian Journal of Nursing [internet]. v. 12, out. 2013

LIVRO: EM BUSCA DE SENTIDO, POR FRANKL

LIVRO: EM BUSCA DE SENTIDO 



Refletir sobre espiritualidade consiste, primeiramente, 
a busca de sentido para todas as coisas, entre elas, a própria vida.

Em Busca de Sentido é um livro do escritor e psiquiatra austríaco Viktor Emil Frankl. 

Em Busca de Sentido (título original: Ein Psycholog erlebt das Konzentrationslager) retrata suas experiências como um detento de um campo de concentração e descreve seu método psicoterapêutico de como encontrar uma razão para viver. 

De acordo com Frankl, o livro tenta responder a pergunta: 
"Como a vida cotidiana dentro de um campo de concentração se reflete na mente de um prisioneiro mediano?" 

A primeira sessão do livro constitui as experiências de Frankl nos campos de concentração, enquanto que a segunda metade é uma introdução à Logoterapia.


Boa Leitura!!!